quarta-feira, 30 de maio de 2007

O toque incondicional de Jesus *

Hoje vai um texto de Max Lucado, no livro "Simplesmente como Jesus". Dentro do contexto de Mateus 8:1-4... é puro amor... :)

Fiquem nEle...

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O TOQUE INCONDICIONAL DE JESUS
Indigno do toque humano, mas digno do toque de Deus

Durante cinco anos ninguém me tocou. Ninguém. Nem uma pessoa. Nem a minha esposa. Nem meus filhos. Nenhum de meus amigos. Ninguém me tocou. Eles apenas me viam. Falavam comigo. Eu podia sentir amor na voz dessas pessoas quando se dirigiam a mim. Podia ver a preocupação expressa em seus olhos. Porém, eu não podia sentir o toque delas. Não havia nenhum toque. Nenhuma vez sequer. Ninguém me tocava.

Eu desejava ardentemente algumas coisas que são comuns para você. Apertos de mãos. Calorosos abraços. Um tapinha nos ombros para chamar a minha atenção. Um beijo nos lábios para roubar um coração. Esses momentos foram arrancados de meu mundo. Ninguém me tocava, Ninguém acidentalmente esbarrava em mim. O que eu não teria dado para que alguém esbarrasse em mim, para que pudesse estar apertado em meio a uma multidão, para que o meu ombro roçasse o ombro de outra pessoa... Mas durante cinco anos isso não aconteceu. Como pode ser isso? Não me era permitido caminhar livremente pelas ruas. Mesmo os rabinos mantinham distância de mim. Não me era permitido participar dos cultos na sinagoga. Não era bem-vindo nem ao menos em minha própria casa.

Eu era intocável. Era um leproso. E ninguém me tocava. Somente até o dia de hoje. Certo ano, durante a colheita, percebi que estava mais fraco ao segurar a foice. As pontas de meus dedos haviam se tornado insensíveis, umas após outras. Em pouco tempo eu ainda podia segurar a ferramenta, porém, dificilmente senti-la. Ao final da estação, eu já não sentia nada. Era como se a mão segurando o cabo pudesse ser de outra pessoa – a capacidade de sentir se foi. Não disse nada a minha esposa, mas sabia que ela suspeitava de algo. Como é que ela não poderia suspeitar? Eu carregava a minha mão agarrada a meu corpo como um pássaro ferido.

Certa tarde, mergulhei minhas mãos em uma bacia com água a fim de lavar meu rosto. A água tornou-se vermelha. Um de meus dedos estava sangrando, e sangrando livremente. Eu nem mesmo sabia que havia me ferido. Como será que me cortei? Com uma faca? Será que minha mão deslizou pela borda afiada de algum utensílio de metal? Deve ter sido isso, mas não senti nada.

"Sua roupa também ficou suja", minha esposa disse com voz meiga. Ela estava atrás de mim. Antes de olhar para ela, olhei para as manchas carmesins em meu manto. Parecia que era a vez em que mais me demorara diante de uma bacia, olhando para a minha mão. De alguma maneira, eu sabia que a minha vida estava sendo alterada para sempre.

"Devo ir com você dizê-lo ao sacerdote?", ela perguntou. "Não" – suspirei profundamente – "irei só".

Voltando meu olhar para ela, contemplei as lágrimas em seus olhos. Em pé, a seu lado, estava a nossa filha de três anos de idade. Agachando-me, fitei atentamente o seu rosto e carinhosamente afaguei sua face, sem dizer sequer uma palavra. O que é que eu poderia dizer? Coloquei-me em pé e olhei de novo para a minha esposa. Ela tocou o meu ombro e a minha mão sã, e eu toquei as mãos dela. Seria o nosso toque final.

Cinco anos se passaram, e ninguém havia me tocado desde então, até hoje. O sacerdote não me tocou. Ele olhou para minha mão, agora envolta em um trapo. Olhou para o meu rosto, sob a sombra da tristeza. Eu nunca atribuí a ele culpa ou falta pelo que disse. Ele estava apenas fazendo conforme fora instruído. Cobriu sua boca e, estendendo sua mão com a palma para frente, disse-me. "Você está imundo". Com apenas um pronunciamento, perdi minha família, minha fazenda, meu futuro, meus amigos.

Minha esposa encontrou-se comigo nos portões da cidade com um saco de roupas, com pão e algumas moedas. Ela não falava. Agora os amigos tinham compreendido. Aquilo que eu tinha visto nos olhos dela era uma antecipação do que passei a ver em cada olhar a partir de então: uma mistura de compaixão e medo. À medida que eu dava um passo para frente, eles davam um passo na direção contrária. O horror que sentiam a respeito de minha doença era maior do que a sua preocupação pelos sentimentos do meu coração. Então, eles e todas as demais pessoas que vi a partir daquele momento davam um passo para trás.

Oh, que repulsa eu causava naqueles que me viam. Cinco anos de lepra deixaram minhas mãos torcidas. Já não tinha mais algumas pontas de meus dedos, bem como porções de uma das orelhas e de meu nariz. Alguns pais, quando me viam, agarravam seus filhos. Mães cobriam as faces deles. Crianças apontavam para mim com olhos arregalados.

Os farrapos sobre meu corpo não podiam esconder as minhas feridas. Nem mesmo o pano envolto em meu rosto podia esconder a ira que havia em meu olhar. Eu nem mesmo procurava ocultá-la. Quantas noites agitei meus punhos aleijados em direção ao silencioso céu? "O que é que eu fiz para merecer isto?". Mas nunca tive uma resposta.

Algumas pessoas pensavam que eu havia pecado. Outras pensavam que meus pais haviam pecado. Não sei. Tudo que sei é que à medida que o tempo passava aquilo tudo me cansava muito: dormindo na colônia para leprosos, sentindo o mau cheiro. Sentia-me cansado do detestável sino que era obrigado a usar em volta de meu pescoço para alertar as pessoas sobre a minha presença. Como se isso fosse necessário. Bastava apenas um olhar e os gritos começavam: "Imundo! Imundo! Imundo!"

Há várias semanas ousei caminhar pela estrada que leva à minha vila. Eu não tinha a intenção de entrar. O céu sabe que eu apenas queria olhar novamente os meus campos, contemplar o meu lar, e ver, quem sabe, a face de minha esposa. Eu não a vi. Porém, vi algumas crianças brincando em um gramado. Escondi-me atrás de uma árvore e fiquei observando como corriam e pulavam. Suas faces eram tão alegres e seus sorrisos tão contagiantes que por um momento, um breve momento, senti-me como se não fosse mais um leproso. Senti-me como um fazendeiro, como um pai, como um homem. Inspirado na alegria delas, saí detrás da árvore, coloquei-me em postura ereta, respirei profundamente... e elas me viram. Antes que eu pudesse me esconder novamente, elas me viram. E gritaram. Correndo, separaram-se. Contudo, uma delas demorou-se a seguir as outras. Fez uma pausa e olhou em minha direção. Não sei, e não posso afirmar, mas penso, realmente penso, que era minha filha. E também não sei, não posso dizer com certeza, mas acho que estava procurando por seu pai.

Aquele olhar foi o que me fez dar este passo que dei hoje. Sem dúvida foi um passo arrojado. Arriscado, certamente. Mas o que eu tinha a perder? Ele chama-se a si mesmo de Filho de Deus. Ele ouvirá a minha queixa e me matará, ou aceitará a minha súplica e me curará. Estes eram os meus pensamentos. Aproximei-me dele de um jeito desafiador. Não movido por fé, mas por uma ira desesperadora. Deus havia permitido que uma calamidade alcançasse o meu corpo, e ele era capaz tanto de curá-lo como de acabar com ele.

Então eu o vi, e quando o vi, fui transformado. Você deve estar lembrado, sou um fazendeiro e não um poeta, então não sou capaz de encontrar palavras para descrever o que vi. Tudo o que posso dizer é que as manhãs judaicas são tão refrescantes e o nascer do sol tão glorioso, que ao olhar para eles uma pessoa é capaz de se esquecer do calor do dia anterior e das feridas do passado. Quando olhei para a face dele, vi um amanhecer judaico.

Antes que ele falasse, percebi que se importava comigo. De alguma maneira percebi que odiava esta doença tanto quanto, porém não mais que eu. Minha raiva foi transformada em confiança, e a minha ira tornou-se esperança.

Por detrás de uma rocha, vi quando ele desceu uma montanha. Uma multidão de pessoas o seguia. Quando estava a apenas alguns passos de mim, sai detrás da rocha. "Mestre!"
Ele parou e olhou em minha direção, como também dezenas de outras pessoas. Senti como se uma torrente de medo corresse pela multidão. Braços se agitavam em frente a rostos assustados. Crianças escondiam-se rapidamente por detrás dos pais. "Imundo!", alguém gritou. Uma vez mais, eu não os culpo. Eu era como uma massa moribunda. Porém, eu mal podia ouvi-los ou vê-los. Já tinha presenciado o seu pânico milhares de vezes. Sua compaixão, contudo, nunca pude contemplar. Todos deram um passo para trás, exceto ELE. Ele deu um passo em minha direção. Em minha direção.

Cinco anos atrás, minha esposa deu um passo em minha direção. Ela foi a última pessoa a fazê-lo. Agora ele o fez. Eu não me movi. Apenas disse: "Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo". Se ele tivesse me curado com uma palavra, eu teria me emocionado. Se ele tivesse me curado através de uma oração, teria me alegrado. Mas ele não ficou satisfeito por apenas falar comigo. Ele se aproximou, e me tocou. Há cinco anos minha esposa me tocou. Ninguém mais me tocara desde então. Até hoje.

"Quero", suas palavras foram tão amorosas quanto o seu toque. "Sê limpo!", seu poder inundou o meu corpo como água através de um campo arado. Num instante, senti calor onde outrora havia entorpecimento. Senti força onde antes tinha atrofia. Minhas costas endireitaram-se e minha cabeça foi levantada. Se antes eu só conseguia enxergar as coisas na altura de seu cinto, agora meus olhos contemplam sua face. Sua face sorridente.

Ele colocou as mãos sobre a minha face e trouxe-me para tão perto de si que eu podia sentir o calor de sua respiração e ver seus olhos úmidos. "Não o digas a alguém, mas vai, mostrar-te ao sacerdote, e oferece a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho".

Então, é para lá que estou indo. Mostrar-me-ei ao meu sacerdote e o abraçarei. Mostrar-me-ei à minha esposa e a abraçarei. Tomarei minha filha em meus braços e a abraçarei. Nunca me esquecerei daquele que ousou tocar-me. Ele poderia ter me curado através de uma palavra. Mas ele quis fazer mais do que me curar. Ele quis me honrar, dar-me dignidade para que eu tivesse um nome. Imagine isso... indigno do toque humano, mas digno do toque de Deus.

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Para quem não conhece os costumes da lei na época, recomendo:
- Para classificar a lepra: Levítico 13 (principalmente 1-8;45-46)
- Para quem se curava: Levítico 14 (principalmente 1-9)

domingo, 27 de maio de 2007

"PEDRO, TU ME AMAS?" *

Hoje vou colocar um texto que considero maravilhoso, expressando de forma incrível a graça de Deus. Um texto que me ajudou a compreender melhor o amor de Jesus, me deixando mais apaixonado por Ele. :) Foi escrito por Caio Fábio, e foi retirado do site http://www.caiofabio.com/ , que aliás, recomendo!

Fiquem nEle!


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"PEDRO, TU ME AMAS?"



Pedro havia negado Jesus três vezes...

No entanto, para Jesus, a questão daquela manhã de sol nascente das alturas na quieta praia de Tiberíades era apenas uma: "Tu me amas?"

Até na hora de lidar com a negação e com a traição, Jesus é completamente diferente de tudo e todos, e completamente coerente com Seu próprio Ser-Ensino.

O Verbo se fez carne, por isso o Ser-Ensino de Jesus são um.

O que diriam as nossas lógicas de amor?

"Se ele amasse, jamais teria feito o que fez" - e, assim, se atribui impecabilidade ao amor humano.

"Ama, mas não tem raízes em si mesmo" - diria a sofisticação psicológica.

"É egoísta demais para amar" - diria uma voz moral piedosa e certa.

"É cedo demais para perdoar você. O que fazes aqui entre os outros?" - diria o Mestre das Disciplinas.

"Nunca mais será a mesma coisa. Como poderei confiar em você outras vez?" - diria a razão mais humana e ressentida.

"Pode ser que ainda dê, um dia... quem sabe? Mas você terá que fazer um longo caminho de volta!" - diria um piedoso e quase esperançoso pastor de almas.

"Já que você insiste, verei do que você é feito. Colocarei um diretor espiritual para supervisionar você" - diria um ser crente na fabricação de caráter e de fidelidade.

"Sinto muito, Pedro, mas já não é possível. Você jogou fora a sua chance, embora eu o tenha advertido várias vezes" - diria a razão fria e justa.

"Você está perdoado, sem ressentimentos, vá em paz; pois não há mais clima para a gente prosseguir" - diria o melhor do homens.

"Logo você, em quem tanto confiei! Como pode fazer isso? Explique-me suas razões" - diria o bondoso justo.

"Meu Deus! E pensar que amei tanto você. Eu sou um santo idiota mesmo!" - diria um Deus com alma de esposa ou de marido.

No entanto, Jesus apenas pergunta: "Tu me amas?"

E com isso Ele admite que o amor peca, trai, nega, se engana, enfraquece, pode ser egoísta, é capaz do impensável, é passível de repetir o mesmo erro, não apenas três vezes, mas até setenta vezes sete.

Jesus não estava buscando perfeição, mas apenas um amor que pudesse ser aperfeiçoado no próprio amor... no Caminho.

"Tu me amas?" - pergunta Ele três vezes.

Ao que Pedro responde, dizendo, humilhadamente, um "sim" cheio de vergonha, e até se sentindo um sem caráter por ainda ter a coragem de confessar amor tendo negado.

Pedro diz "sim, sim, sim"... mas não o faz sem a angústia de quem não quer ser visto como cínico!

Pedro ama. Ama com amor que é dele, com o amor que lutava para ser amor no chão raso de sua alma. Mas era amor, e isso ele não podia negar. Ele admitia que negara Jesus, só não podia admitir que não amava Jesus.

Jesus sabe que às vezes se ama apesar de...

Jesus sabe que o único amor que ama sem nenhum apesar de... é o Seu próprio amor, de mais ninguém.

Jesus ama os nossos amores, apesar de... Pois Ele sabe que quem não ama apesar de... esse deve se oferecer para ser o Salvador dos homens.

"Tu me amas?"

Pedro não tem mais o que dizer. Provar amor? Meu Deus! Levaria o resto de sua vida, e teria que demonstrar isso não apenas com ações, nem com palavras apenas, e, se fosse o caso, deveria provar tal amor com dores de alma até a morte.

Pedro não tem meios de provar nada. Não tem o poder de reverter quadros e nem de apagar memórias. E também não suportaria ficar gemendo o resto da vida num canto de sua casa a fim de provar a Jesus que o amava apesar de...

Provar que se ama pode ser o inferno!

Pedro está perdido. Quem o ajudará? Quem testemunhará em seu favor? Quem terá garantias a oferecer em seu nome? Quem seria o fiador de seu fracassado amor?

A esperança de Pedro quanto a provar a Jesus que ele O amava era o próprio Jesus.

"Senhor, tu sabes todas as coisas... e se as sabes, certamente tu sabes que eu te amo!"

Assim, Pedro não tem argumentos, nem explicações, nem mesmo se oferece para padecer como prova eterna de seu amor ...no inferno do amor...

Pedro não quer o inferno do amor... ele quer ser salvo do inferno de sua alma pelo amor... e só Jesus poderia fazer isso, pois somente Jesus sabia o que existia no coração dele.

Assim, ele está tão certo de sua total incapacidade de vencer os fatos esmagadores com argumentos ou mesmo com penitências, que ele apenas recorre a uma certeza: Jesus conhece meu coração!

"Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que eu te amo!"

Chega uma hora quando todos os argumentos cessam, quando não há explicações a serem dadas, quando toda fala é cinismo, quando todo gesto parece compensatório e auto-justificatório, e quando toda e qualquer promessa de fidelidade e lealdade apenas cerram sobre a alma a porta da masmorra das infindáveis penitências.

Pedro amava, mas não queria que seu amor fosse sepultado vivo na morte!

A resposta de Jesus é de confiança!

Sim, Ele sabe que Pedro o ama apesar de Pedro, de seu egoísmo, de sua vacilação, de sua pusilanimidade, de seus ímpetos inconseqüentes, de suas coragens pouco resistentes, de seus vícios de fuga...

"Pastoreia as minhas ovelhas... os meus cordeirinhos... esse povo que me ama como tu... que ama e que trai... Tu, que agora sabes quem és, pastoreia nesse amor esses que são como tu mesmo".

E conclui: "Agora, vem, e segue-me..."

Jesus não bota o amor de castigo, parado no ponto e na esquina da negação, frizado na vitrine do espetáculo da fraqueza, preso para sempre aos seus próprios pecados.

Jesus sabe que a cura para a traição e a fraqueza só acontece no caminho, enquanto se O segue, e no chão da vida, onde o amor terá a chance de ser amor, e não negação.

Trai-se na vida. Ama-se na Vida. Nega-se na vida. Se é curado na Vida. Somente na vida o que é, é; e pode se manifestar!

Sem que seja assim o que resta é deixar Pedro em Tiberíades para sempre, envolto nas malhas de suas angústias, pescando os peixes que fogem dele, existindo numa seqüência de dias que já lhe são o próprio inferno.

Nossa salvação é uma só: O Senhor sabe todas as coisas, e quem sabe que ama apesar de... não tem outra chance se não confiar no que Jesus sabe em nós e acerca de nós, pois se o que há em nós é verdade, Ele em nós aproveitará toda verdade de amor para o nosso próprio bem.

Confie. Ele conhece você!


Caio

sábado, 26 de maio de 2007

Graça X Lei


Para conscientizar o homem de sua queda e que algo passou haver de errado com ele (pois o projeto original tinha sido corrompido, no caso, uma alma equilibrada que conhecia a paz) era necessário ser feito algo. Sem lei, não há transgressão (Rm 4:15), e pela lei veio o pleno conhecimento do pecado (Rm 3:20). Sem lei, a humanidade chegou a tal ponto de depravação que Deus teve que recomeçar tudo por uma família (Noé). A lei serve como referência ao homem em relação a sua corrupção, entretanto, ela não é capaz de transformá-lo pois age pelo medo, ou da punição, ou rejeição social, tratanto apenas o homem exterior, mas não chegando ao interior (Rm 7:22-23).

Hoje temos diversos tipos de leis, as quais muitas vezes as utilizamos como lentes para observar o mundo e as situações, todas dentro do conhecimento oferecido pela Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Leis da Justiça humana, leis éticas e morais, leis religiosas, entre outras... todas regendo o homem pela escravidão do medo. As Leis da Justiça humana controla o homem pelo medo da punição, da prisão, da pena de morte em alguns lugares; as leis morais e éticas nos controlam através da rejeição social, e por sermos seres sociáveis, buscamos ser aceitos pela sociedade; e as leis religiosas nos controlam pelo medo da ira divina, onde podemos desagradar a Deus e sofrer as conseqüências.

Quero comentar as leis morais e éticas, já que as outras não precisam de muito comentário. Por exemplo, por que uma mulher muitas vezes não se envolve com todos os homens que deseja? Será que é por perceber que não os ama, e por isso não vai à frente? Sem generalizar mas crendo ser o caso de muitas, concordo que há vários fatores, mas imagino que o principal é o medo de ficar mal falada pois isso não condiz com as regras morais impostas às mulheres. As regras morais e éticas representam o que há de maior orgulho e soberba humana. Esta mesma mulher que não se envolveu para não ficar mal falada, é muitas vezes a mesma que condena a que se envolve, fazendo aquela se sentir superior a esta, mesmo que interiormente a pulsão por tal coisa esteja fervilhando. Logo, tais regras mexem na casca, se tornam máscaras e índices para comparação de boa conduta entre as pessoas, trazendo julgamento e cegueira para os que conseguem cumprir tais regras porque recebem glória de homens, mas não dAquele que sonda os corações.

Nos últimos meses comecei a ser incomodado ao perceber que muitas vezes me comportava mais parecido com as pessoas a quem Jesus confrontava asperamente, do que com os que ele andava e chamava como discípulo. Comecei a perceber meu legalismo, e como me parecia com os fariseus tão criticados por Cristo. Pessoas que não entravam nos céus, e nem deixavam os outros entrar por estar tão ligados a regras, ainda escravos da lei e sem conhecimento da liberdade na graça e amor. Tudo por falta do meu entendimento da graça, favor imerecido, que na minha mente já estava memorizado como um papagaio memoriza várias palavras, mas ainda não a tendo como vida e verdade no coração.

Mas qual a diferença entre lei e graça? A lei foi dada a Moisés em tábuas de pedras, algo fixo, rígido. E em toda e qualquer lei ou regra, seja judicial, moral ou qualquer outra, transgrediu é condenado, não há perdão, há apenas juízo. Quem adultera é adúltero, quem mata é assassino, quem erra é culpado, não há lugar para arrependimento. Porém, Jesus veio estabelecer a graça, a Nova Aliança, e a palavra nos diz que Deus a escreveria no coração dos homens, no mais interior de seu ser, algo que pulsa, bate, tem vida e movimento, não mais rígido como uma pedra (2 Co 3:2-3).

Quero explicar melhor a rigidez da Lei e a pulsação da Graça. Todo mundo que comete pecado é pecador? Se sim, logo não há um santo sobre a terra (Rm 15:25). Quem seriam os tais "santos" pela Lei? Todo mundo que comete adultério é um adúltero? A palavra nos diz em 1Co 6:10 que os adúlteros não herdarão o reino dos céus, mas e aí? Qual a diferença entre este "adúltero" e alguém que cometeu adultério? Como foi falado no início, pecado é aquilo que fazemos contra nossa própria consciência, desde que ela ainda consiga enxergar os fatos com um mínimo de amor. O adúltero é aquele que já não consegue enxergar seus atos pelo amor, a ponto de sua consciência não mais acusá-lo do erro, ou então que finge tal insensibilidade, a ponto de chegar para os amigos no bar e se vangloriar que tem várias mulheres enquanto a esposa está em casa. O que cometeu adultério é o que devido às circunstâncias ou à fraqueza, caiu no erro, mas pela consciência se arrependeu e desejaria não ter cometido tal ato. Neste caso, Jesus veio em carne e conheceu suas fraquezas e pôde se fazer réu por ele, imputando sua justiça e tornando-o santo, não por seus próprios méritos, mas pela fé em Cristo que pagou o preço por ele. Para este, há o perdão do Pai; para aquele, ainda faltou o arrependimento e uma consciência renovada pelo amor de Deus. Alguns podem perguntar: "Mas como vamos saber se a pessoa realmente se arrependeu"? E eu pergunto: "O que temos a ver com isso"? A fé e vida com Deus é algo pessoal, intransferível, logo, que a própria pessoa se julgue, porque ela até pode nos enganar, mas não pode enganar Aquele que sonda os corações. Paulo nos disse que o fim do mandamento é o amor de um coração puro, uma boa consciência e uma fé não fingida (1Tm 1:5). Não podemos ter o papel de juízes neste caso, sendo nosso único papel amar incondicionalmente, afinal, quem ama está acima das leis.

A fé e entrega da vida a Cristo foi a reconsciliação com o homem planejada por Deus, e que traria novamente a paz interior, não como o mundo a dá, mas como a dá Cristo. O paz no mundo é exterior, baseada nas circunstâncias. Na verdade, é uma paz firmada na maior insegurança da pessoa. Se o fato que te dá paz é seu emprego, seu maior medo também será perdê-lo. Se tua paz for firmada no casamento, teu maior medo será o divórcio. Onde está a base da nossa segurança, ali também está nossa maior insegurança. A paz em Cristo é interior, pela fé, não baseada em circunstâncias nem no que existe, mas nAquele que É! O tamanho da nossa confiança em Deus é o tamanho da nossa fé, e conseqüentemente, é também o tamanho da paz em nossos corações.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Consciência e pecado


Então... o que é pecado? A gente escuta tanto falar em "pecado", mas na hora de definir o que é, dificilmente conseguimos. Eu não lembro se conseguia tal coisa, mas hoje, pelo menos, tenho minha definição. Pecado para mim é tudo aquilo que fazemos contra a nossa consciência, desde que nossa consciência ainda seja sã. E ao que chamo uma consciência sã? Para mim, uma consciência sã é aquela que ainda consegue de alguma forma olhar o mundo pela ótica do amor. No caso, todos nós somos em certo grau, doentes de alma.E o que é a alma? A alma é o local de nossas vontades, emoções, desejos, onde há o encontro do que é eterno (o espírito) com o que temos de carnal terreno (os instintos de preservação do indivíduo e da espécie), depois da queda.

Adão foi feito imagem e semelhança de Deus, havendo uma harmonia em sua alma, porque como o espírito e a carne estavam em equilíbrio, não existiam lutas interiores e a paz estava em seu coração. Não havia porque ir contra a prórpia consciência, porque Adão era o que era, sem máscaras, sem medos. Mas o que aconteceu na queda então? Toda essa paz e vida não foram suficientes, e o desejo de ser igual a Deus, apesar do risco da morte, falou mais alto. Na verdade, um dos principais riscos que corremos é não reconhecermos nossas limitações, querendo ser aquilo que não fomos criados para ser. Não bastou a Vida, Paz e Harmonia para Adão, e o desejo de ser igual a Deus prevaleceu. Indo na Física, um sistema em equílibrio para ter seu estado mudado é necessário um agente externo, no caso, uma força ou energia. Se o homem estava equilibrado, seria necessário também um fator externo para ocorrer uma desarmonia no homem, que veio exatamente com a atuação da serpente.

Com a Árvore do Conhecimento, o homem passou a ter noção do bem e do mal, levando-o a achar que pode por si mesmo escolher o que é bom ou ruim para si e para o próximo, e consequentemente, gerando uma "justiça-própria". O problema, é que bem e mal são conceitos relativos, e o homem, na sua limitação, sem o conhecimento pleno do ambiente e dos corações que o cercam, não consegue saber o que é bom ou mau, o que o faz cometer erros, que geram dúvidas, que formam angústias, e como conseqüencia, conflito interior. Só temos capacidade de julgar nossas motivações, se são boas ou más, mas nunca nossos atos.

E onde encontro um exemplo disso? Logo no início da bíblia, Adão estava nu e julgou aquilo ser mau, tendo medo e se escondendo da presença de Deus. Mas se antes não era errado, por que passou a ser? Sua consciência que julgou assim ser, e ao condená-lo, nisto subsistiu seu pecado. A palavra nos diz: "Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprouva. Mas aquele que tem dúvidas é condenado...porque o que faz não provém de fé; e tudo que não provém de fé é pecado (Rm 14:22a-23)." Para que ninguém diga que estou pegando versículos fora de contexto, pois este se refere a alimentos, irei explicar melhor: Paulo estava tratando exatamente dos julgamentos que fazemos ao próximo por não fazerem aquilo que consideramos certo, neste caso, comer certos tipos de alimentos ou bebidas. Mas tudo não passa de questões particulares, e cada um siga sem condenar o outro naquilo que condena. "A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus". Isso quer dizer que não vou mais me importar com os outros e fazer o que quiser? Claro que não! Julgue tudo pelo amor: "É bom não...fazer qualquer outra cousa com que teu irmão venha a tropeçar[ou se ofender, ou se enfraquecer]". A nudez passou a condenar Adão, na condenação e conflito da alma surgiu o pecado, sendo necessário o próprio Deus ter feito o primeiro sacrifício de animal para o vestir e trazer novamente "paz" a Adão. Mas a partir daí, os conflitos na alma só foram aumentando, a harmonia na alma entre instinto e espírito não existia mais, e a morte passou a operar no homem.

Muitos dos "pecados" que nos atormentam são simples questões pessoais e culturais. Porém, usar isto como desculpa para cair na libertinagem é um caminho ainda pior para a alma. Cair na libertinagem é ter como foco principal a realização de seus próprios desejos, se tornando escravo deles; viver a liberdade é antes de tudo, ser livre para efetuar o bem ao próximo. Se guie pelo amor, mas pelo amor de Deus (agape)... só Ele pode dar o equilíbrio necessário aos nossos amores humanos(eros e phileo), para que vivamos a liberdade e paz verdadeira em Cristo, ou seja, a que vai nos libertando da lei e dos vícios.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Salmo 24


"Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória."

Essa passagem sempre me intrigou. Tive muita dificuldade em ter algum entendimento sobre ela, e pedi: Pai, me mostra alguma coisa sobre o significado destas "portas"... destes "portais eternos".

Até que certo dia fui cedo para a igreja orar, e estando lá sozinho fiquei conversando com Deus... comecei a olhar para as portas da igreja, e nos meus "devaneios" me fiz a seguinte pergunta: Para que serve uma porta? Pensei: Bom, para entrar... ou sair. Dãhn!!! hehe

Tudo a Ele pertence e nEle subsiste, tanto a terra como o que nela se contém, tanto o mundo quanto os que nele habitam.

Mesmo assim, quem Deus escolhe para manifestar sua glória e alcançar os seus? Aqueles que já foram conquistados pelo Seu amor... no caso, a sua Noiva, a Igreja. Não necessariamente apenas através dela, porque Ele é livre para agir da forma como bem entende. Mas preferencialmente, Ele usa os que o amam para tal.

Nós somos as portas... os portais eternos. Nós somos o meio e instrumento pelo qual Jesus deseja revelar sua Glória e amor aos corações abatidos e contritos, sem esperança neste mundo.

Portais eternos... que já estão na eternidade com o Pai, pela fé em Cristo Jesus. :) Portas... que o buscam com sinceridade de coração e possuem as mãos limpas pelo sangue do Cordeiro, e não por obras próprias com as quais se gloriam. Tal é a geração dos que O buscam (se deixando encontrar), dos que buscam Sua face.

Este Salmo acaba sendo uma convocação do Espírito para todos aqueles que já foram conquistados pelo Seu amor... sim, pelo amor, e somente pelo amor. Porque qualquer outra motivação fora do amor, nos transforma em portas fechadas.

Somos as portas de entrada do amor de Deus neste mundo... da entrada do Rei da Glória. Quando escutarmos esse chamado, que simplesmente nos levantemos, porque quem entra é Ele, e não nós... a glória é dEle, e não nossa. :) Quem é esse Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, Ele é o Rei da Glória.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Se conhecendo por outros


Já repararam que cada pessoa que esbarra conosco nesta vida revela algo diferente em nós? Óbvio? Pois é... como as vezes a gente demora tanto pra descobrir coisas óbvias?! :) Eu no caso, demorei 26 para descobrir isso. hehe

Mas então... para quem ainda não está tão óbvio assim, é o seguinte: Assim como fulano revela áreas de você, sicrano revela outras. Cada pessoa serve como luz para nos revelar partes específicas do nosso coração, e assim, servindo para nos conhecermos mais. Claro, isso se estivermos dispostos a nos conhecer e possuindo um mínimo de sensibilidade para discernir tais revelações. :)

No caso, uma pessoa pode nos mostrar que temos um preconceito, enquanto uma outra nos revela outro tipo de preconceito; uma pode nos mostrar o quanto somos misericordiosos, enquanto outra o quanto somos opressores. Podemos buscar mudança e quebra de paradigmas nos casos que julgamos mau, ou então buscar crescer naquilo que julgamos bom. Mas muitas vezes a dureza do nosso coração prefere simplesmente continuar do mesmo modo seguindo a lei de Gabriela onde "eu nasci assim e continuarei assim".

Geralmente os amigos revelam o que há de melhor, e os inimigos o que há de pior. Assim como gentilezas mostram o que há de melhor, e traições o que de pior... O que importa afinal? Na verdade, é em como assimilamos e transformamos tais situações e não o fato em si.

Cada pessoa em comunhão conosco é um conjunto único, sem outro igual na terra. Assim como o B sem o E nunca seria BE, e sem o A, BA... sendo apenas B ele nunca conseguiria imaginar que várias outras combinações ele poderia manifestar. E quanto mais outras letras, mais ele vai entendendo seu valor na linguagem.

E assim vejo hoje ser uma das importâncias de sermos um Corpo em comunhão... para fazermos combinações para irmos nos conhecendo, e sabendo realmente quem somos no Pai. Sozinho ninguém se conhece... e a luz para isso só encontramos quando estamos em contato, não só com a Igreja, mas também sendo dissolvidos no mundo como sal. Que onde encontrarmos um M, O e R, busquemos ser o mais parecido possivel com o A... e juntos, sejamos conhecidos por tal combinação. :) A busca desse conhecimento e caminhar nesta estrada é a verdadeira maturidade.

O que muitas vezes acontece hoje no Corpo de Cristo é que onde se encontre um A, existam apenas A's; um B, apenas outros B's. Mas AAAA e BBBB nao têm significado real algum para nosso entendimento, e muito menos significado teremos para a sociedade desta forma.

Pretendo procurar ser mais sensível ao que cada pessoa revela em mim, e nisto ir me conhecendo... sabendo quem sou no Corpo e no mundo... crescer nas qualidades, e endireitar os defeitos. Mas para isso preciso de cada um de vocês...

Fiquem no nosso Pai...

terça-feira, 22 de maio de 2007

Ainda falta algo?


Uns tempos atrás eu vivia indo em tudo que era congresso evangélico. Onde acontecesse um encontro de avivamento que eu tivesse a oportunidade de ir, lá eu estava. Como o foco hoje é a adoração, sempre todos eles eram regados a muito louvor. Fogo e Glória, CasadeDavi, Diante do Trono...foram alguns deles. Realmente é benção ver o povo expressando seu amor ao Pai e estar presente junto, e logo, era sempre muito bom.

Porém, ultimamente eu andei pensando na minha postura em relação a isto tudo. Como assim? Bem, fiquei pensando na certa necessidade que tinha de estar indo em tais congressos, comoseali fosse a principal fonte de Vida para mim. Era edificado? Poderia não assimilar tudo, porém aprendia muitas coisas sim. Portanto, qual o problema?

Na verdade, analisando meu comportamento hoje, percebo que tal necessidade de ir em tudo que era congresso estava na busca de respostas que minha alma necessitava. Que respostas? Não sabia... só sabia que buscava algo. :) E por não saber o que era, e por não ter recebido o que eu nem sabia precisar, a carência por esse "algo" continuava.

Terminava um, me sentia cheio... passava um tempo, já achava que precisava ir em algum outro pra me sentir cheio novamente.

As vezes vejo as pessoas falando de alguns congressos na expectativa que tal seja o divisor de águas em suas vidas e se decepcionam. Por que colocar toda a esperança em um congresso se o Pai pode fazer hoje? Ele pode fazer no congresso? Pode... mas pode fazer HOJE também. :)

Muitas vezes o Pai escolhe nos transformar sutilmente, de forma que nem percebemos; outras, através dealguma revelação gerada no coração que o transforma definitivamente numa área em que ainda éramos muito imaturos; e ainda em outras, com revelações que nos transformam de tal forma que passamos a achar que viramos outra pessoa. :) E todas elas podem ocorrer, ou estão ocorrendo, no dia chamado HOJE.

O que quero dizer com isso? Bem, só quero provocar uma reflexão em quem se identificar com o que falo. Deuns tempos para cá descobri que não há lugar melhor para aprender do Pai do que no nosso próprio relacionamento com Ele ou na própria vida... no nosso cotidiano... com as pessoas que estão ao nosso redor, sejam cristãs ou não.

Se seu coração ainda clama por respostas, e ainda é carente daquilo que você nem sabe do que se trata... pare!! Pergunte ao Pai o que está faltando. Aí você pode questionar: E como vou saber se está faltando algo ou não? Só respondo que se estiver na dúvida é porque está faltando, e que quando encontrar, você saberá. :)

Maldade? Não... apenas uma tentativa de fazer com que sejamos mais dependentes do Pai, pois só Ele sabe o que realmente precisamos. Minha trajetória não é igual a sua, mas nossos caminhos em Jesus convergirão no mesmo destino... na eternidade nEle. :)

Fiquem nEle...