sexta-feira, 25 de maio de 2007

Consciência e pecado


Então... o que é pecado? A gente escuta tanto falar em "pecado", mas na hora de definir o que é, dificilmente conseguimos. Eu não lembro se conseguia tal coisa, mas hoje, pelo menos, tenho minha definição. Pecado para mim é tudo aquilo que fazemos contra a nossa consciência, desde que nossa consciência ainda seja sã. E ao que chamo uma consciência sã? Para mim, uma consciência sã é aquela que ainda consegue de alguma forma olhar o mundo pela ótica do amor. No caso, todos nós somos em certo grau, doentes de alma.E o que é a alma? A alma é o local de nossas vontades, emoções, desejos, onde há o encontro do que é eterno (o espírito) com o que temos de carnal terreno (os instintos de preservação do indivíduo e da espécie), depois da queda.

Adão foi feito imagem e semelhança de Deus, havendo uma harmonia em sua alma, porque como o espírito e a carne estavam em equilíbrio, não existiam lutas interiores e a paz estava em seu coração. Não havia porque ir contra a prórpia consciência, porque Adão era o que era, sem máscaras, sem medos. Mas o que aconteceu na queda então? Toda essa paz e vida não foram suficientes, e o desejo de ser igual a Deus, apesar do risco da morte, falou mais alto. Na verdade, um dos principais riscos que corremos é não reconhecermos nossas limitações, querendo ser aquilo que não fomos criados para ser. Não bastou a Vida, Paz e Harmonia para Adão, e o desejo de ser igual a Deus prevaleceu. Indo na Física, um sistema em equílibrio para ter seu estado mudado é necessário um agente externo, no caso, uma força ou energia. Se o homem estava equilibrado, seria necessário também um fator externo para ocorrer uma desarmonia no homem, que veio exatamente com a atuação da serpente.

Com a Árvore do Conhecimento, o homem passou a ter noção do bem e do mal, levando-o a achar que pode por si mesmo escolher o que é bom ou ruim para si e para o próximo, e consequentemente, gerando uma "justiça-própria". O problema, é que bem e mal são conceitos relativos, e o homem, na sua limitação, sem o conhecimento pleno do ambiente e dos corações que o cercam, não consegue saber o que é bom ou mau, o que o faz cometer erros, que geram dúvidas, que formam angústias, e como conseqüencia, conflito interior. Só temos capacidade de julgar nossas motivações, se são boas ou más, mas nunca nossos atos.

E onde encontro um exemplo disso? Logo no início da bíblia, Adão estava nu e julgou aquilo ser mau, tendo medo e se escondendo da presença de Deus. Mas se antes não era errado, por que passou a ser? Sua consciência que julgou assim ser, e ao condená-lo, nisto subsistiu seu pecado. A palavra nos diz: "Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprouva. Mas aquele que tem dúvidas é condenado...porque o que faz não provém de fé; e tudo que não provém de fé é pecado (Rm 14:22a-23)." Para que ninguém diga que estou pegando versículos fora de contexto, pois este se refere a alimentos, irei explicar melhor: Paulo estava tratando exatamente dos julgamentos que fazemos ao próximo por não fazerem aquilo que consideramos certo, neste caso, comer certos tipos de alimentos ou bebidas. Mas tudo não passa de questões particulares, e cada um siga sem condenar o outro naquilo que condena. "A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus". Isso quer dizer que não vou mais me importar com os outros e fazer o que quiser? Claro que não! Julgue tudo pelo amor: "É bom não...fazer qualquer outra cousa com que teu irmão venha a tropeçar[ou se ofender, ou se enfraquecer]". A nudez passou a condenar Adão, na condenação e conflito da alma surgiu o pecado, sendo necessário o próprio Deus ter feito o primeiro sacrifício de animal para o vestir e trazer novamente "paz" a Adão. Mas a partir daí, os conflitos na alma só foram aumentando, a harmonia na alma entre instinto e espírito não existia mais, e a morte passou a operar no homem.

Muitos dos "pecados" que nos atormentam são simples questões pessoais e culturais. Porém, usar isto como desculpa para cair na libertinagem é um caminho ainda pior para a alma. Cair na libertinagem é ter como foco principal a realização de seus próprios desejos, se tornando escravo deles; viver a liberdade é antes de tudo, ser livre para efetuar o bem ao próximo. Se guie pelo amor, mas pelo amor de Deus (agape)... só Ele pode dar o equilíbrio necessário aos nossos amores humanos(eros e phileo), para que vivamos a liberdade e paz verdadeira em Cristo, ou seja, a que vai nos libertando da lei e dos vícios.

Um comentário:

Thiago Neves disse...

Amado,
muito obrigado, esse estudo me ajudou muito. Grande benção!
Estou fazendo um estudo na minha igreja sobre Consciência cristã e confesso que seu estudo é um pontapé inicia para mim.