terça-feira, 12 de junho de 2007

Coisas de menino...

Paulo disse:

"Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, e, sim, da graça."

"Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê."

A graça substituiu a lei. Mas qual a lei da graça?

"A ninguém fiqueis devendo cousa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros: pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor."

No caso, um mundo que ama não precisa de lei? Essa pergunta veio como um choque sobre mim! Poxa... um mundo fundado no amor não precisaria de leis! Que doideira!! hehe Fiquei fascinado com isso. MAs será que isso realmente é verdade? "Pai, me mostra de forma clara para eu entender melhor" foi o que pedi.

Bom, nisto comecei a lembrar de quando eu era menor... período em que achava que irmão só servia para atrapalhar, para encher o saco, para ter que dividir as coisas... bem coisa de irmão mais velho que acha que por ter vindo primeiro bem poderia ter sido o único para ficar com tudo sem ter que dividir nada... brinquedos, atenção, e outras coisas. :)

Nesta época eu e meus dois irmãos brigávamos muito, e há pouco tempo minha prima Cris fez um comentário que eu desconhecia, dizendo que minha mãe muitas vezes deixava de sair com receio de que sozinhos nos atracássemos sem ter ninguém para separar. Logo, para que a convivência fosse possível, era necessário a imposição de algumas regras.

Nisto fui fazendo uma comparação com a forma que vejo meus irmãos hoje, e percebendo que mesmo que fique meses em um cubículo com ambos, não teríamos o mínimo problema. E por quê? Porque hoje eu os amo. E onde há amor, há respeito, há abnegação, há tudo. :)

"Quando, porém, vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado."

Se o que é perfeito entra nos nossos corações, todo o egoísmo, rivalidade, indiferença... tudo que é imperfeito deixa de fazer sentido e desaparece.

Certo dia fui compartilhar isso com uma amiga, no que ela me disse: "Ahhh, mas isso é coisa de criança. É normal". O problema não é as crianças se comportarem desta forma, e sim continuarmos nos comportando como se não tivéssemos amadurecido nada. Porque é exatamente assim como muitas vezes percebemos o nosso próximo. Percebemos o próximo como alguém que está ali pra nos superar, para atrapalhar, para ter que dividir... no caso, somos uma sociedade sem amor e que ainda tem visão de criança.

"Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das cousas próprias de menino."

O que é ser maduro? Só o amor é perfeito, e qualquer busca sem o objetivo de crescer no amor é coisa de criança. Só nos tornamos homens quando amamos, logo, será que realmente queremos ser homens? Será que realmente queremos deixar as coisas de menino? Não há nada mais desprezado do que o amor hoje em dia... e talvez por isso, estamos vendo a sociedade clamar por leis mais severas para conter a infantilidade da humanidade.

Mas calma aí! Vou fazer uma pergunta: Conseguem perceber que amor e lei são inversamente proporcionais? Na verdade, a lei serve para conter a falta de amor, dando consciência de nosso delito, sendo no caso, boa. Porém, acaba servindo como termômetro de nossa frieza. Quem ama, está acima da lei e por isso a torna obsoleta e desnecessária. Por que será então que depois de casos como o do João Hélio ficamos tão interessados em leis mais severas... mais duras?

Clamamos por mais leis, mas não nos dispomos a amar. É apenas o reflexo da nossa indignação que deseja vingança, não porque temos sede de justiça, mas porque temos medo de sermos alcançados pelas vítimas da nossa indiferença.

Mas será "medo"? "O amor lança fora todo o medo", logo, a ausência dele gera medo. "O amor se esfriará nos últimos dias", e o que surgirá como conseqüência? A bíblia diz que a iniquidade se multiplicaria, mas também o medo. Uma sociedade iníqua vive amendrotada pela falta de amor que possui. E isso é tão claro já nos nossos dias, que fica relativamente fácil fazer uma projeção futura:

Aqueles que tem algo a preservar neste mundo já estão abrindo mão da privacidade em vários locais em troca de "segurança". Mas e quando se tornar impossível andar em qualquer lugar?
Quando o medo e insegurança imperam, o homem abre mão até da própria liberdade. Será que fica difícil aceitar a possibilidade que num futuro próximo clamaremos por um governo Autoritário Global(com leis rígidas e monitoramento total), abrindo mão de nossa liberdade e privacidade em busca de segurança? Muitos tem falado sobre isso, mas só agora está se tornando claro para mim.

Bom, não quero passar a impressão nem digo que sou "a pessoa que ama", mas simplesmente alguém que percebeu que crescer neste entendimento é o que nos realiza como seres humanos.
Sempre negligenciei muito a importância do amor na minha vida, e estou apenas começando a trilhar meus passos neste caminho. Sou apenas um bebê na nova vida em Graça, com muito a aprender... e como!

Caminhar em tal estrada não é apenas falar sobre o tema, mas é praticar optando por usar a ótica do amor em cada situação da vida - ô caminho difícil! É este o chamado "caminho estreito" e, lógico, tendemos a preferir o caminho largo. Tal caminho dói muitas vezes, porque é uma afronta ao nosso egoísmo, orgulho, preservação... mas no final, quando conseguimos, paz e alegria são as recompensas de nossa alma.

3 comentários:

Unknown disse...

Ô caminho sofrido é esse tal de amor. Mas mesmo assim gosto de ser masoquista. hehehe
Joseane
bj

Anônimo disse...
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andré maranhão disse...

gostei qdo disse "Clamamos por mais leis, mas não nos dispomos a amar. É apenas o reflexo da nossa indignação que deseja vingança, não porque temos sede de justiça...". Acho q é por aí mesmo, mas nem todos amam ou buscam amar, por isso precisamos de leis, para regular a sociedade e punir o transgressor mas, se amássemos mais, não precisríamos delas